EXPERIÊNCIAS DE MULHERES ACERCA DOS CUIDADOS OBSTÉTRICOS RECEBIDOS DURANTE A PARTURIÇÃO: abordagem transcultural

“Woman is an animal that suffers”: a cross-cultural approach

Autores

  • Jameson Moreira Belém Universidade Regional do Cariri. Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. Departamento de Enfermagem. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Crato, Ceará, Brasil. https://orcid.org/0000-0003-1903-3446
  • Emanuelly Vieira Pereira Universidade Regional do Cariri. Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. Departamento de Enfermagem. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Crato, Ceará, Brasil. https://orcid.org/0000-0003-1457-6281
  • Antonio Rodrigues Ferreira Júnior Universidade Estadual do Ceará. Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Enfermagem. Programa de Pós-Graduação Saúde em Coletiva. Fortaleza, Ceará, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-9483-8060
  • Maria Rocineide Ferreira da Silva Universidade Estadual do Ceará. Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Enfermagem. Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. Fortaleza, Ceará, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-6086-6901
  • Glauberto da Silva Quirino Universidade Regional do Cariri. Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. Departamento de Enfermagem. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Crato, Ceará, Brasil. https://orcid.org/0000-0001-5488-7071

DOI:

https://doi.org/10.13037/2359-4330.8467

Palavras-chave:

Trabalho de parto, Enfermagem, Antropologia cultural

Resumo

Introdução: as experiências em torno da parturição apresentam significações heterogêneas em contextos culturais diversos. Objetivo: descrever experiências culturais de mulheres acerca dos cuidados obstétricos recebidos no parto. Materiais e métodos: pesquisa qualitativa conduzida pela etnoenfermagem, com 13 informantes-chave em maternidade pública localizada no estado do Ceará, Brasil. Adotou-se para coleta de dados o capacitador Observação–Participação–Reflexão com registro das observações em diário de campo e entrevistas individuais. O processo de imersão no campo durou cinco meses. O material empírico foi submetido aos procedimentos do guia de análise de dados da etnoenfermagem. Resultados: a partir da realidade empírica expressa no cenário cultural e do ponto de vista das informantes, apreendeu-se seis temas culturais que contemplaram significados atribuídos à maternidade, via de parto, dieta, exames vaginais, acompanhantes e cuidados recebidos durante a parturição. Conclusões: o ambiente institucional hostil, as práticas obstétricas proscritas e a heteronomia no cuidado constituíram cerne do padecimento das parturientes.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Jameson Moreira Belém, Universidade Regional do Cariri. Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. Departamento de Enfermagem. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Crato, Ceará, Brasil.

Universidade Regional do Cariri. Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. Departamento de Enfermagem. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Crato, Ceará, Brasil. E-mail: jam.ex@hotmail.com.  ORCID: http://orcid.org/0000-0003-1903-3446

Emanuelly Vieira Pereira, Universidade Regional do Cariri. Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. Departamento de Enfermagem. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Crato, Ceará, Brasil.

Universidade Regional do Cariri. Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. Departamento de Enfermagem. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Crato, Ceará, Brasil. E-mail: emanuelly.pereira@urca.br ORCID: http://orcid.org/0000-0003-1457-6281

Antonio Rodrigues Ferreira Júnior, Universidade Estadual do Ceará. Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Enfermagem. Programa de Pós-Graduação Saúde em Coletiva. Fortaleza, Ceará, Brasil.

Universidade Estadual do Ceará. Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Enfermagem. Programa de Pós-Graduação Saúde em Coletiva. Fortaleza, Ceará, Brasil. E-mail: arodrigues.junior@uece.br ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9483-8060

Maria Rocineide Ferreira da Silva, Universidade Estadual do Ceará. Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Enfermagem. Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. Fortaleza, Ceará, Brasil.

Universidade Estadual do Ceará. Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Enfermagem. Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. Fortaleza, Ceará, Brasil. E-mail: rocineide.ferreira@uece.br ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6086-6901

Glauberto da Silva Quirino, Universidade Regional do Cariri. Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. Departamento de Enfermagem. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Crato, Ceará, Brasil.

Universidade Regional do Cariri. Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. Departamento de Enfermagem. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Crato, Ceará, Brasil. E-mail: glauberto.quirino@urca.br ORCID: http://orcid.org/0000-0001-5488-7071

Referências

Castro CM. Os sentidos do parto domiciliar planejado para mulheres do município de São Paulo, São Paulo. Cad. saúde colet. 2015;23(1):69-75. https://doi.org/10.1590/1414-462X201500010012

Pimenta LF, Ressel LB, Stumm KE. The cultural construction of the birth process. Rev. pesqui. cuid. fundam. 2013; 5(4):591-98. https://doi.org/10.9789/2175-5361.2013.v5i4.591-598

Nagahama EEI, Santiago SM. A institucionalização médica do parto no Brasil. Ciênc. saúde coletiva. 2005;10(3):651-57. https://doi.org/10.1590/S1413-81232005000300021

Matos GC, Escobal AP, Soares MC, Härter J, Gonzales RIC. The historic route of childbirth care policies in brazil: na integrative review. Rev. enferm. UFPE on line. 2013;7 (3):870-8. https://doi.org/10.5205/1981-8963-v7i3a11552p870-878-2013

Pereira ALF, Moura MAV. Relações de hegemonia e o conflito cultural de modelos na assistência ao parto. Rev. enferm. UERJ. 2008; 16(1):119-24.

Nakano AR, Bonan C, Teixeira LA. A normalização da cesárea como modo de nascer: cultura material do parto em maternidades privadas no Sudeste do Brasil. Physis (Rio J.). 2015;25(3):885-904. https://doi.org/10.1590/S0103-73312015000300011

Silva LR, Christoffel MM, Souza KV. História, conquistas e perspectivas no cuidado à mulher e à criança. Texto & contexto enferm. 2005;14(4):585-93. https://doi.org/10.1590/S0104-07072005000400016

Alves CN, Wilhelm LA, Barreto CN, Santos CC, Meincke SMK, Ressel LB. Cuidado pré-natal e cultura: uma interface na atuação da enfermagem. Esc. Anna Nery Rev. Enferm. 2015; 19(2):265-71. https://doi.org/10.5935/1414-8145.20150035

Cecagno S, Almeida FDO. Parto domiciliar assistido por parteiras em meados do século xx numa ótica cultural. Texto & contexto enferm. 2004;13(3):409-13. https://doi.org/10.1590/S0104-07072004000300010

Tesser CD, Knobel R, Andrezzo HFA, Diniz SD. Violência obstétrica e prevenção quaternária: o que é e o que fazer. Rev. bras. med. fam. comunidade. 2015;10(35):1-12. https://doi.org/10.5712/rbmfc10(35)1013

Nilvér H, Begley C, Berg M. Measuring women’s childbirth experiences: a systematic review for identification and analysis of validated instruments. BMC Pregnancy Childbirth. 2017; 17:203. https://doi.org/10.1186/s12884-017-1356-y

Belém JM, Pereira EV, Rebouças VCF, Borges JWP, Pinheiro AKB, Quirino GS. Theoretical, methodological and analytical aspects of ethnographic research in obstetric nursing: an integrative review. Rev. Esc. Enferm. USP. 2020; 54: e03547. https://doi.org/10.1590/S1980-220X2018034203547

Leininger M. Culture Care diversity and universality theory and evolution of the ethnonursing method. In: Leininger M, Mcfarland MR. Culture care diversity and universality: a worldwide nursing theory. 2ª ed. Boston (US): Jones and Bartlett Publishers; 2006. p. 01-42.

Bezerra MG, Cardoso MV. Fatores culturais que interferem nas experiências das mulheres durante o trabalho de parto e parto. Rev. latinoam. enferm. 2006; 14(3):414-21. https://doi.org/10.1590/S0104-11692006000300016

Ruano R, Prohaska C, Tavares Al, Zugaib M. Dor do parto - sofrimento ou necessidade? AMB rev. Assoc. Med. Bras. 2007; 53(5):377-88. https://doi.org/10.1590/S0104-42302007000500009

Pereira Rr, Franco Sc, Baldin N. A dor e o protagonismo da mulher na parturição. Rev. bras. anestesiol. 2011; 61(3):376-388. https://doi.org/10.1590/S0034-70942011000300014

Mccallum C, Reis A P. Re-significando a dor e superando a solidão: experiências do parto entre adolescentes de classes populares atendidas em uma maternidade pública de Salvador, Bahia, Brasil. Cad. saúde pública. 2006;22(7):1483-91. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2006000700012

Almeida NAM, Medeiros M, Souza MR. Perspectivas de dor do parto normal de primigestas no período pré-natal. Texto & contexto enferm. 2012; 21(4):819-27. https://doi.org/10.1590/S0104-07072012000400012

Davim RMB, Torres GV, Dantas JC. Representação de parturientes acerca da dor de parto. Rev. eletrônica enferm. [Internet]. 2008;10(1):100-09. https://doi.org/10.5216/ree.v10i1.7685

Lagomarsino BS, Van Der Sand ICP, Girardon-Perlini NMO, Linck CL, Ressel LB. A cultura mediando preferências pelo tipo de parto: entrelaçamento de fios pessoais, familiares e sociais. REME rev. min. enferm. 2013;17(3):680-87. http://www.dx.doi.org/10.5935/1415-2762.20130050

Diniz CSG. Humanização da assistência ao parto no Brasil: os muitos sentidos de um movimento. Ciênc. saúde coletiva. 2005;10(3):627-637. https://doi.org/10.1590/S1413-81232005000300019

WHO. Care in normal birth: a practical guide. Technical Working Group, World Health Organization. Birth. 1997 [cited 2021 Apr 20];24(2):121-3. Available from: URL: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/63167/1/WHO_FRH_MSM_96.24.pdf

Hassan SJ, Sundby J, Husseini A, Bjertness E. The paradox of vaginal examination practice during normal childbirth: Palestinian women’s feelings, opinions, knowledge and experiences. Reprod. health. 2012; 9;1-9. https://doi.org/10.1186/1742-4755-9-16

Wei CY, Gualda DMR, Santos Junior HPO. Movimentação e dieta durante o trabalho de parto: a percepção de um grupo de puerpéras. Texto & contexto enferm. 2011;20(4):717-25. https://doi.org/10.1590/S0104-07072011000400010

Singata M, Tranmer J, Gyte GML.Restricting oral fluid and food intake during labour. Cochrane database syst. rev. 2013; 8:CD003930. https://doi.org/10.1002/14651858.CD003930.pub3

Brasil. Diretrizes nacionais de assistência ao parto normal. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2017. 51 p. Available from: URL: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_nacionais_assistencia_parto_normal.pdf

Leal MC, Pereira APE, Domingues RMSM, Theme Filha MM, Dias MAB, Nakamura-Pereira M, et al. Intervenções obstétricas durante o trabalho de parto e parto em mulheres brasileiras de risco habitual. Cad. saúde pública. 2014; 30:(1):17-47. https://doi.org/10.1590/0102-311X00151513

D’orsi E, Chor D, Giffin K, Angulo-Tuesta A, Barbosa GP, Gama AS, et al. Qualidade da atenção ao parto em maternidades do Rio de Janeiro. Rev. saúde pública. 2005;39(4):646-54. https://doi.org/10.1590/S0034-89102005000400020

Brown HC, Paranjothy S, Dowswell T, Thomas J. Package of care for active management in labour for reducing caesarean section rates in low-risk women. Cochrane Database Syst Rev. 2013;16(9):CD004907. https://doi.org/10.1002/14651858.CD004907.pub3

Clark SL, Simpson KR, Knox GE, Garite TJ. Ocitocina: novas perspectivas para uma droga antiga. Tempus – Actas de Saúde Coletiva. 2010; 4(4):161-72. https://doi.org/10.18569/tempus.v4i4.844

Sousa AMM, Souza KV, Rezende EM, Martins EF, Lansky DCS. Práticas na assistência ao parto em maternidades com inserção de enfermeiras obstétricas, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Escola Anna Nery. 2016;20(2):324-331. https://doi.org/10.5935/1414-8145.20160044

Silva EC, Santos IMM. The perception of women concerning their parturition. R. pesq. cuid. fundam. online. 2009. 1(2):111-23. http://dx.doi.org/10.9789/2175-5361.2009.v1i2.%25p

Dixon L, Foureur M. The vaginal examination during labour: Is it of benefit or harm? New Zealand College of Midwives. 2010;42:21-26. Available from: URL: https://opus.lib.uts.edu.au/handle/10453/13828

Shepherd A, Cheyne H. The frequency and reasons for vaginal examinations in labour. Women and Birth. 2013;26(1):49-54. https://doi.org/10.1016/j.wombi.2012.02.001

Narchi NZ, Camargo JCS, Salim NR, Menezes MO, Bertolino MM. Utilização da “linha púrpura” como método clínico auxiliar para avaliação da fase ativa do trabalho de parto. Rev. bras. saúde matern. infant. 2011;11(3):313-22. https://doi.org/10.1590/S1519-38292011000300012

Downe S, Gyte GML, Dahlen HG, Singata M. Routine vaginal examinations for assessing progress of labour to improve outcomes for women and babies at term. Cochrane database syst. rev. 2013; (7): CD010088. https://doi.org/10.1002/14651858.cd010088.pub2

Wolff LR, Waldow VR. Violência Consentida: mulheres em trabalho de parto e parto. Saúde Soc. 2008;17(3):138-51. https://doi.org/10.1590/S0104-12902008000300014

Diniz CSG, Niy DY, Andrezzo HFA, Carvalho PCA, Salgado HO. A vagina-escola: seminário interdisciplinar sobre violência contra a mulher no ensino das profissões de saúde. Interface comun. saúde educ. 2016; 20(56):253-59. https://doi.org/10.1590/1807-57622015.0736

Bohren MA, Hofmeyr GJ, Sakala C, Fukuzawa RK, Cuthbert A. Apoio contínuo para mulheres durante o parto. Cochrane Database of Systematic Reviews. 2017;7:CD003766. https://doi.org/10.1002/14651858.CD003766.pub6

Souza SRRK, Gualda DMR. A experiência da mulher e de seu acompanhante no parto em uma maternidade pública. Texto & contexto enferm. 2016;25(1):e4080014. https://doi.org/10.1590/0104-0707201600004080014

Santos LM, Pereira SSC. Vivências de mulheres sobre a assistência recebida no processo parturitivo. Physis Revista de Saúde Coletiva. 2012; 22(1):77-97. https://doi.org/10.1590/S0103-73312012000100005

Diniz CSG, D’orsi E, Domingues RMSM, Torres JA, Dias MAB, Schneck CA, et al. Implementação da presença de acompanhantes durante a internação para o parto: dados da pesquisa nacional Nascer no Brasil. Cad. saúde pública. 2014;30(Suppl 1):140-53. https://doi.org/10.1590/0102-311X00127013

Nascimento NM, Progianti JM, Novoa RI, Oliveira TR, Vargens OMC. Tecnologias utilizadas por enfermeiras durante o parto. Esc. Anna Nery Rev. Enferm. 2010;14(3):456-61. https://doi.org/10.1590/S1414-81452010000300004

Giordani JN, Bisogno SBC, Silva LAA. Percepção dos enfermeiros frente às atividades gerenciais na assistência ao usuário. Acta paul. enferm. 2012;25(4):511-16. https://doi.org/10.1590/S0103-21002012000400005

Carvalho NAR, Monte BKS, Soares MC, Nery IS. Experiência de acadêmicos de enfermagem na promoção do parto humanizado. Revista Em Extensão. 2018; 16(2):253-263. https://doi.org/10.14393/REE_v16n22017_rel09

Narchi NZ, Diniz CSG, Azenha CAV, Scheneck CA. Women´s satisfaction with childbirth’ experience in different models of care: a descriptive study. Online braz. j. nurs. (Online). 2010; 9(2) Suppl 1. Available from: URL: http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view /j.1676-4285.2010.3102/692

Brüggemann OM, Ebsen ES, Oliveira ME, Gorayeb MK, Ebele RR. Motivos que levam os serviços de saúde a não permitirem acompanhante de parto: discursos de enfermeiros. Texto & contexto enferm. 2014;23(2):270-77. https://doi.org/10.1590/0104-07072014002860013

Belém JM, Pereira EV, Cruz RSBLC, Quirino GS. Divinization, pilgrimage, and social inequality: experiences of women in the access to obstetric assistance. Rev. Bras. Saude Mater. Infant. 2021;21(1):327-34. https://doi.org/10.1590/1806-93042021000100017

Publicado

2023-01-27