QUALIDADE VOCAL DOS PROFESSORES DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA EM BELÉM, PARÁ

Autores

  • Luigi Ferreira e Silva Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza da Universidade Federal do Pará.
  • Heraldo Hebert Mauro Neto Universidade do Estado do Pará
  • Igor Nascimento Batista
  • José de Ribamar Castro Veloso
  • Francisco Xavier Palheta Neto Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza da Universidade Federal do Pará.

DOI:

https://doi.org/10.13037/ras.vol16n58.5427

Palavras-chave:

medicina do trabalho, disfonia, docência, qualidade de vida, otorrinolaringologia

Resumo

Objetivo: avaliar a prevalência de distúrbios vocais em professores dos Campi de uma universidade pública em Belém, Pará. Método: estudo prospectivo, transversal e descritivo, o qual envolveu 188 docentes entrevistados por meio de um questionário autoaplicável acerca da qualidade de voz, no período de abril de 2014 a março de 2015. Resultados: dos sintomas questionados: 99 (53,2%) referiram irritação na garganta; 77 (40,9%) relataram pigarro; 75 (33,9%) queixaram-se de rouquidão; e 48 (25,5%) disseram ter sensação de corpo estranho na garganta. Dos fatores de risco: apenas 24 (12,8%) eram tabagistas; 130 (69,1%) trabalhavam até 40 horas/semana; 162 (86,2%) lidavam com no máximo 40 alunos/sala. Dos fatores de proteção: 113 (60,1%) praticavam atividade física; 79 (42%) receberam orientações de proteção laboral; 63 (33,5%) realizavam algum cuidado especial com a voz; 80 (42,5%) relataram ingerir água adequadamente. Conclusão: houve baixa prevalência de distúrbios vocais, sendo a irritação na garganta o sintoma mais referido. Evidenciou-se correlação estatisticamente significante entre a prática de exercício físico, como fator de proteção, e a sensação de corpo estranho na garganta, assim como, entre a prática de cuidados especiais, como fator de risco, e a rouquidão. Ressalta-se a necessidade de assistência multiprofissional para o correto exercício da docência. 

Descritores: medicina do trabalho; disfonia; docência; qualidade de vida; otorrinolaringologia.

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Publicado

2019-04-15

Edição

Seção

ARTIGOS ORIGINAIS