ENTRE VIOLÊNCIAS E RESISTÊNCIAS: ESCREVIVÊNCIAS DE GÊNERO COM JOVENS PESQUISADORES

Autores

DOI:

https://doi.org/10.13037/rea-e.vol9.9573

Palavras-chave:

gênero, escola pública, escrevivência

Resumo

Este artigo discute uma experiência de pesquisa sobre gênero e escola realizada com estudantes de uma escola pública periférica em Fortaleza/CE. Trata-se de uma Pesquisa-Inter(in)venção, aliada ao PesquisarCOM, tendo por forma de registro a Escrevivência. Se dá com base na experiência de um grupo de jovens pesquisadoras/es formado por estudantes secundaristas moradores da periferia em questão e universitárias. A partir das discussões, nos resultados a disputa em torno da ideologia de gênero apareceu transversal à experiência da pesquisa, habitando o cotidiano da escola produzindo práticas reguladoras que objetivam identidades coerentes com uma matriz de normas compulsoriamente heterossexuais. Em contraponto, neste mesmo território escolar, insurgem potências de existir frente às forças mortificantes já localizadas. Assim, conclui-se que o movimento antigênero produz um cenário violento a corpos dissidentes da norma cisheteropatriarcal, e, em meio a isso, insurgem, também, processos de resistências no cotidiano escolar.

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Biografia do Autor

Mayara Ruth Nishiyama Soares, Universidade Federal do Ceará

Doutoranda em Psicologia pela Universidade Formação. Professora Substituta na Universidade Estadual do Ceará. Ceará – Brasil.

Luciana Lobo Miranda, Universidade Federal do Ceará (UFC)

Doutora em Psicologia pela PUC-RJ. Professora Titular do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Ceará. Ceará – Brasil

Marta Clarice Nascimento Oliveira, Universidade Federal do Ceará (UFC)

Psicóloga. Universidade Federal do Ceará. Ceará – Brasil

Alanna Maria da Silva Sousa, Universidade Federal do Ceará (UFC)

Psicóloga. Universidade Federal do Ceará. Ceará – Brasil

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Publicado

2024-12-30

Edição

Seção

DOSSIÊ RELAÇÕES DE GÊNERO, ÉTNICO-RACIAIS E INTERCULTURALIDADE NA EDUCAÇÃO