CRIAÇÃO E DESINSTITUCIONALIZAÇÃO DE PRÁTICAS PRODUTIVAS: o trabalho institucional no campo da cachaça mineira

Autores

DOI:

https://doi.org/10.13037/gr.vol39.e20237949

Palavras-chave:

Cachaça artesanal, Práticas institucionais, Pesquisa qualitativa

Resumo

As formas de produção se apresentam como um fator diferencial na cachaça de qualidade, sendo o estado de Minas Gerais uma referência em seu valor agregado. Portado sob a ótica do Trabalho Institucional, o objetivo do artigo foi compreender como se deram as práticas que modificaram a cachaça mineira, saindo de uma bebida de baixa qualidade, até a década de 1980, para a liderança nacional. Em termos metodológicos recorreu-se a um estudo qualitativo sobre quatro décadas de trabalho institucional. Constatou-se que a criação de uma rede de atores, a pressão por mudanças legais e o avanço de investigações científicas favoreceram as mudanças institucionais. Somado a isso, a ruptura com as rudimentares técnicas produtivas, acompanhada de um rígido processo de fiscalização, facilitou a descontinuidade com as antigas práticas. Os resultados da pesquisa contribuem com elementos que explicam a criação e desinstitucionalização em um contexto teórico ainda pouco explorado na literatura.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Thatiana Stacanelli, Programa de Pós Graduação em Administração da UFLA- Universidade Federal de Lavras

Graduada e Mestre em Administração pela UFLA. Atualmente é Doutoranda em Administração pela UFLA.

Daniel Calbino, UFSJ/ PPGED-UFVJM

Pós Doutor em Administração pela UFLA. Doutor e Mestre em Administração pela UFMG. Graduado em Administração e Filosofia pela UFSJ. Atualmente é Docente Adjunto da UFSJ e do Programa de Pós Graduação em Educação da UFVJM.

Valeria Brito, Programa de Pós Graduação em Administração da UFLA

Professora Associada do Departamento de Gestão Agroindustrial da Universidade Federal de Lavras desde 1995; possui graduação em Agronomia pela Escola Superior de Agricultura de Lavras (ESAL/1989); mestrado em Administração - Organizações e Recursos Humanos pelo CEPEAD/UFMG (1995) e doutorado em Administração - Organizações e Sociedade pelo CEPEAD/UFMG (2013). Tem experiência em pesquisa e ensino na área de Administração e desde 1995 mantém a participação em projetos de pesquisa e publicações científicas. A partir de 1997 ocupou diversos cargos administrativos: foi coordenadora do curso de graduação em Administração de janeiro de 1997 a maio de 2000; no período entre 2000 a 2004 foi Pró-Reitora de Graduação; foi Chefe de Gabinete da Reitoria da UFLA de junho de 2004 a fevereiro de 2009 e foi Pró-Reitora de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas de junho de 2012 a maio de 2016. Atuou em diversas comissões e câmaras de assessoramento e participou dos Conselhos Superiores da UFLA(Conselho Universitário, Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão, Conselho de Curadores) de 1997 a 2016. A experiência acumulada ao longo de 18 anos na gestão universitária foi partilhada no ensino de pós-graduação em Administração Pública em que atuou de 2013 a 2016 como docente permanente. Atualmente é docente permanente do Programa de Pós Graduação em Administração da UFLA, atuando nas cadeiras de Pesquisa Qualitativa, Teorias da Prática e Teorias das Organizações. Trabalha com as abordagens qualitativas, Análise Crítica de Discurso, Estratégia como Prática, Prática social, Prática Discursiva, Redes, Inovação, Construção de Mercados e Sociomaterialidade.

Mozar Brito, Programa de Pós Graduação em Administração da UFLA

Possui graduação em Administração pela Universidade Federal de Lavras (1988), mestrado em Administração pela Universidade Federal de Lavras (1993) e doutorado em Administração pela Universidade de São Paulo (2000). Atuou como coordenador da câmara SHA da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de Minas Gerais no período de março de 2005 à março de 2008 e do Programa de Pós-graduação em Administração entre Janeiro de 2003 e março de 2007. Atuou como Pro-Reitor Adjunto de Pós-graduação da Universidade Federal de Lavras entre maio de 2004 e março de 2007. No período de junho de 2008 e junho de 2012 ocupou o cargo de Pró-Reitor de Pós-Graduação da Universidade Federal de Lavras, tendo participado de diversas comissões, conselhos e câmaras de caráter consultivo. Possui experiência de pesquisa, ensino e desenvolvimento na área de Administração, com ênfase em Gestão de Pessoas e Organizações, Administração de Ciência e Tecnologia, atuando principalmente nos seguintes temas: poder, cultura, aprendizagem e relações de trabalho. Foi o primeiro coordenador do mestrado profissional em administração pública oferta pela UFLA e um de seus fundadores. Esta experiência possibilitou a obtenção de bolsa de produtividade (Categoria 1B) e participação como membro do Comitê de Assessoramento da Área de Administração e Economia vinculado ao CNPQ entre 2016 e setembro de 2018. Atualmente, ocupa o cargo de Professor Titular e Permanente do PPGA/UFLA, atua como consultor ad hoc do CNPQ, CAPES e FAPEMIG e de diversos periódicos, membro do Conselho de Pesquisa, Ensino e Extensão (CEPE-UFLA), coordena grupo e projeto de pesquisas e ministra aulas na graduação, mestrado e doutorado em Administração, participara da

Referências

ALMEIDA, J; DIAS, L. Os segredos da Cachaça: tudo o que você precisa saber sobre a bebida mais popular do Brasil. São Paulo: Alaúde Editorial, 2018.

BERTO, A; LAVARDA, A; ERDMANN, R. Strategizing e o trabalho institucional: o caso das organizações hospitalares. Gestão e Regionalidade, v.35, n.106, p.197-215, 2019.

BRASIL. Decreto nº 4062, de 21 de Dezembro de 2001. Define as expressões “cachaça”, “Brasil e “cachaça do Brasil” como indicações geográficas e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 22 de dez.2001.

BRUNING, C; MARRA, L; GODRI, L. Institutional Work: Uma Ponte Entre Estudos Críticos e Institucionais? Revista Pensamento Contemporâneo em Administração, v.9, n.4, p. 144-156, 2015. DOI: https://doi.org/10.12712/rpca.v9i4.607

CACHACIÊ. Idealismo, trabalho duro e visão empreendedora, 2017. Recuperado de http://cachacie.com.br/ultimas-noticias/idealismo-trabalho-duro-e-visao-empreendedora-este-e-o-blend-da-cachaca-mineira/

CANA BRASIL. Interpretação do avanço Mineiro da cachaça artesanal de alambique, 2019. Recuperado de https://canabrasil.com.br/2019/12/04/modelo-de-projeto-da-cachaca-artesanal/

CLARKE, V; BRAUN, V. Teaching thematic analysis: Overcoming challenges and developing strategies for effective learning. The psychologist, v. 26, n. 2, p. 120-123, 2013.

CRUZ, F. Bebidas clandestinas têm metanol, cobre e substância cancerígena diz estudo da Unifesp. UOL Notícias, 2012. Recuperado de https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2012/10/30/bebidas-clandestinas-tem-metanol-cobre-e-susbtancia-cancerigena-diz-estudo-da-unifesp.htm

GAZETA DO POVO. Melhor cachaça é mineira, mas estados menos tradicionais despontam em ranking, 2018. Recuperado de https://www.gazetadopovo.com.br/bomgourmet/bebidas/melhores-cachacas-do-brasil-terceiro-ranking-cupula/

GODOY, A. Pesquisa Qualitativa: Tipos Fundamentais. Revista de Administração de Empresas, v.35, n3, p.20-29, 1995. DOI: https://doi.org/10.1590/S0034-75901995000300004

INSTITUTO BRASILEIRO DA CACHAÇA (IBRAC). Autocontrole de bebidas, envelhecimento de bebidas. Case da Cachaça. Brasília: Câmara Setorial, 2019.

INSTITUTO MINEIRO DE AGROPECUÁRIA. Resultados das ações do IMA na inspeção/fiscalização da cachaça e aguardente de cana no Estado de Minas Gerais, 2019. Recuperado em 29 de janeiro, 2020, de https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/camaras-setoriais-tematicas/documentos/camaras-setoriais/cachaca/2019/57deg-ro/apresentacao_ima_2019_07_10-convertido.pdf.

LAMMERS, J. C; GARCIA, M. A. Institutional Theory Approaches. The International Encyclopedia of Organizational Communication, p.1-10, 2017. DOI: https://doi.org/10.1002/9781118955567.wbieoc113

LAWRENCE, T. B; SUDDABY, R. Institutions and Institutional Work. In S. Clegg, C. Hardy, T. B. Lawrence & W. R. Nord (Eds.), The SAGE handbook of organization studies (2nd ed., pp. 215-254). London: Sage. 2006. DOI: https://doi.org/10.4135/9781848608030.n7

LAWRENCE, T. B; LECA, B; ZILBER, T. B. Institutional work: Current research, new directions and overlooked issues. Organization Studies, v. 34, n. 8, p. 1023-1033, 2013. DOI: https://doi.org/10.1177/0170840613495305

MAIA, M. Cachaça boa é cachaça legal: a importância de consumir bebidas registradas. Estadão, Paladar, 2016. Recuperado de https://paladar.estadao.com.br/blogs/ocachacier/cachaca-boa-e-cachaca-legal-entenda-a-importancia-de-consumir-cachacas-registradas/.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (MAPA). A Cachaça no Brasil. Dados de registro de Cachaças e Aguardentes. (Anuário da cachaça) Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Brasília, 2019.

MORAIS, R; BRITO, V; BRITO, M; PINHEIRO, D. Interrupção da informalidade na cachaça artesanal: uma análise sob a ótica do trabalho institucional. Contextus – Revista Contemporânea de Economia e Gestão, v.18, n.9, p.107-122, 2020. DOI: https://doi.org/10.19094/contextus.2020.43574

OLIVER, C. The antecedents of deinstitutionalization. Organization studies, v. 13, n. 4, p. 563-588, 1992. DOI: https://doi.org/10.1177/017084069201300403

REVISTA ENCONTRO. Conheça a pinga mineira, 2013. Recuperado de http://sites.correioweb.com.br/app/noticia/encontro/atualidades/2013/02/06/interna_atualidades,409/conheca-a-pinga-mineira.shtml

SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (SEBRAE). A cachaça de Alambique: um estudo sobre hábitos de consumo em Goiânia. SEBRAE/GOIÁS, 2019.

SILVA, F. R. Na embriaguez da cachaça: produção, imaginário e marketing. Tese de Doutorado. Dissertação (Mestrado em História)-Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2009.

Sou BH. A cachaça mineira é a melhor do país? Gastronomia, 2015. Recuperado de: https://www.soubh.com.br/noticias/gastronomia/a-cachaca-mineira-melhor-do-pais

SOUZA, B. Padronização e certificação da cachaça de alambique mineira: um estudo sob a perspectiva da análise de discurso crítica (Tese de Doutorado). Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG, Brasil, 2018.

TURETA, C; JULIO, A. Estratégia Como Prática Social E Trabalho Institucional: Uma Proposta De Articulação Teórica. Teoria e Prática em Administração, v.6, n.2, 2016. DOI: https://doi.org/10.21714/2238-104X2016v6i2-28196

VIDALE, G. Ingerir álcool ilegal pode trazer riscos à saúde. Veja Saúde, 2018. Recuperado de https://veja.abril.com.br/saude/ingerir-alcool-ilegal-pode-trazer-riscos-a-saude/.

YAN, Z; ZHU, J; FAN, D; KALFADELLIS, P. An institutional work view toward the internationalization of emerging market firms. Journal of World Business, v.53, 2018. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jwb.2018.03.008

ZARPELON, F; BITTENCOURT, A; FACCIN, K; BALESTRIN, A. Uma década de trabalho institucional: contexto e oportunidades de pesquisa. Organizações & Sociedade, v.26, n.91, 750-775, 2019. DOI: https://doi.org/10.1590/1984-9260917

ZIETSMA, C; MCKNIGHT, B. Building the iron cage: institutional creation work in the context of. In: LAWRENCE, T. B; SUDDABY, R.; LECA, B. Institucional Work: Actors and Agency in Institutional Studies of Organizations. New York: Cambridge University Press, 2009. DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9780511596605.006

ZVOLSKA, L; PALGAN, V; MONT, O. How do sharing organizations create and disrupt institutions? Towards a framework for institutional work in the sharing economy. Journal of Cleaner Production, v.5, n.10, p. 667-676, 2019. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2019.02.057

Publicado

2023-06-19

Como Citar

Stacanelli, T., Calbino, D., Brito, V., & Brito, M. (2023). CRIAÇÃO E DESINSTITUCIONALIZAÇÃO DE PRÁTICAS PRODUTIVAS: o trabalho institucional no campo da cachaça mineira. Gestão & Regionalidade, 39, e20237949. https://doi.org/10.13037/gr.vol39.e20237949