UBERIZAÇÃO DO TRABALHO: a percepção dos motoristas de transporte por aplicativos na cidade de Goiânia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.13037/gr.vol39.e20238117

Palavras-chave:

Uberização, Precarização, Empreendedorismo

Resumo

A uberização do trabalho evidencia uma nova forma de organizar, gerenciar e controlar o trabalho por meio das plataformas digitais. As ideias de autonomia, independência e empreendedorismo e precarização parecem subjazer a essa forma de gestão. Objetivou-se analisar a percepção dos motoristas de transporte por aplicativo quanto ao trabalho que realizam para as empresas-plataformas ou empresas-aplicativo na cidade de Goiânia, por meio de uma pesquisa descritiva com utilização do método Survey, envolvendo 99 motoristas. A análise utilizou a estatística descritiva e análise fatorial. Identificaram-se quantidades excessivas de dias e horas trabalhadas, além da constatação de que 78,7% dos motoristas ou possuem veículos financiados ou alugam um carro para poder trabalhar. Constituíram-se, ainda, seis componentes principais, assim rotulados: Formalização do emprego; Rendimentos; Autonomia; Perdas percebidas; Oportunidade de emprego; e Avaliação do trabalho. Os motoristas percebem benefícios na autonomia do trabalho flexível, além da necessidade de conter sua precarização.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rodrigo Bombonati de Souza Moraes, Universidade Federal de Goiás (UFG)

Professor Adjunto da Universidade Federal de Goiás (UFG) no curso de Administração - Goiás-GO.  

Coordenador e docente do Mestrado Profissional em Administração Pública em Rede Nacional (PROFIAP-UFG) - Aparecida de Goiânia-GO.

Líder do Grupo de Pesquisa Mutamba – Políticas Públicas, Tecnologia e Sociedade (CNPq).

Graduado em Ciências Sociais (FFLCH-USP) - São Paulo -SP

Graduado em Administração (FEA-USP) - São Paulo-SP

Mestre em Administração (FEA-USP) - São Paulo-SP

Doutor em Administração Pública e Governo (EAESP-FGV) - São Paulo-SP

Referências

ABILIO, Ludmila Costhek. Uberização: Do empreendedorismo para o autogerenciamento subordinado. Psicoperspectivas, Valparaíso , v. 18, n. 3, p. 41-51, nov. 2019. DOI: https://doi.org/10.5027/psicoperspectivas-Vol18-Issue3-fulltext-1674

ABÍLIO, Ludmila Costhek. Uberização do trabalho: subsunção real da viração. Passa Palavra, 19 fev. 2017.

AMORIM, Wilson Aparecido Costa de. Gestão de recursos humanos e relações de trabalho no Brasil: uma análise sob a ótica da teoria dos custos de transação em um conjunto de empresas privadas. 2017. Tese (Livre Docência em Gestão de Recursos Humanos) - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.

ANDRÉ, Robson Gomes; SILVA, Rosana Oliveira da; NASCIMENTO, Rejane Prevot. 'Precário não é, mas Eu Acho que é Escravo': Análise do Trabalho dos Motoristas da Uber sob o Enfoque da Precarização. Revista Eletrônica de Ciência Administrativa, v. 18, n. 1, p. 7-34, 2019. DOI: https://doi.org/10.21529/RECADM.2019001

ANTUNES, Ricardo. O privilégio da servidão: o novo proletariado de serviços na era digital. São Paulo: Boitempo, 2018.

ANTUNES, Ricardo (org.). Uberização, trabalho digital e indústria 4.0. São Paulo: Boitempo, 2020.

ARARAQUARA. Araraquara lança seu próprio aplicativo de transporte urbano. Prefeitura Municipal de Araraquara, 03 jan. 2022. Disponível em: http://www.araraquara.sp.gov.br/noticias/2022/janeiro/03/araraquara-lanca-seu-proprio-aplicativo-de-transporte-urbano. Acesso em: 18 fev. 2022.

BO, Gicelda Julia Dal; PETRINI, Maira. Empowering and resisting in a sharing economy: two sides of the same coin. BAR, Maringá, v. 16, n. 3, 2019. DOI: https://doi.org/10.1590/1807-7692bar2019180133

BROWN, Timothy A. Confirmatory factor analysis for applied research. New York-London: The Guilford Press, 2006.

CONSIGLIO, Alessia. Work in the digital economy: perspectives on an unprecedented subordination? Labour & Law Issues, v. 4, n.1, p. 78-116, 2018.

DAMÁSIO, Bruno Figueiredo. Uso da análise fatorial exploratória em psicologia. Avaliação Psicológica, v. 11, n. 2, p. 213-228, 2012.

ERWIN, Sean. Living by algorithm: smart surveillance and the society of control. Humanities and Technology Review, v. 34, p. 28-69, 2015.

FELIX, Gil. Circulación y superexplotación del trabajo. Sociología del Trabajo, n. 92, p. 87-105, 19 mar. 2018. DOI: https://doi.org/10.5209/STRA.59578

FISCHER, André Luiz. Um resgate conceitual e histórico dos modelos de gestão de pessoas. In: FLEURY, Maria Tereza Leme. As pessoas na organização. São Paulo: Gente, 2002.

FISCHER, Rosa Maria. Pondo os pingos nos is, sobre relações do trabalho e políticas de administração de recursos humanos. In: FLEURY, Maria Tereza; FISCHER, Rosa Maria. Processos relações do trabalho no Brasil. São Paulo: Atlas, 1987.

FLEMING, Peter. The human capital hoax: work, debt and insecurity in the era of uberization. Organization Studies, New Castle, v. 38, n. 5, jan. 2017. DOI: https://doi.org/10.1177/0170840616686129

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 34. ed. Petrópolis: Vozes, 1997.

FRANCO, David Silva; FERRAZ, Deise Luiza da Silva. Uberização do trabalho e acumulação capitalista. Cad. EBAPE.BR, v.17, Ed.Especial, Rio de Janeiro, nov. 2019. DOI: https://doi.org/10.1590/1679-395176936

GANDINI, Alessandro. Labour process theory and the gig economy. Human Relations, p. 1-18, 2018.

GAULEJAC, Vincent de. Gestão como doença social: ideologia, poder gerencialista e fragmentação social. Aparecida, SP: Ideias & Letras, 2007.

HAIR, Joseph F. et al. Análise multivariada de dados. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009.

HARVEY, David. Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. Tradução Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves. 4. ed. São Paulo: Loyola, 1994.

HIROSE, Rodrigo. Insegurança assusta motorista e clientes de aplicativos. Jornal Opção, Caderno Vida Urbana, 10 nov. 2019. Disponível em: https://www.jornalopcao.com.br/reportagens/inseguranca-assusta-motorista-e-clientes-de-aplicativos-219584/. Acesso em: 18 fev. 2022.

HUGHES, Carl; SOUTHERN, Alan. The world of work and the crisis of capitalism: Marx and the Fourth Industrial Revolution. Journal of Classical Sociology, v. 19, n. 1, p. 59-71, jan. 2019. DOI: https://doi.org/10.1177/1468795X18810577

HUWS, Ursula. Labor in the global digital economy: the cybertariat comes of age. Londres: Monthly Review Press, 2014.

IKONEN, Hanna-Mari. Precarious work, entrepreneurial mindset and sense of place: female strategies in insecure labour markets. Global Discourse: An Interdisciplinary Journal of Current Affairs and Applied Contemporary Thought, v. 3, p. 467-481, 2013. DOI: https://doi.org/10.1080/23269995.2013.864085

ILO. Digital labour platforms and the future of work: towards decent work in the online world. Geneva: International Labour Office, 2018.

KALLEBERG, Arne L. Precarious lives: job insecurity and well-being in rich democracies. Cambridge, UK: Polity Press, 2018.

KALLEBERG, Arne L.; VALLAS, Steven P. (Ed.). Precarious work. Research in the sociology of work. v. 31. Bingley: Emerald Publishing, 2018. DOI: https://doi.org/10.1108/S0277-2833201731

KALLEBERG, Ane L. Good jobs, bad jobs: the rise of polarized and precarious employment systems in the United States, 1970s-2000s. New York, NY: Russell Sage Foundation, 2011.

KALLEBERG, Arne L. Precarious work, insecure workers: employment relations in transition. American Sociological Review, v. 74, p. 1-22, 2009. DOI: https://doi.org/10.1177/000312240907400101

KENNEY, Martin, ZYSMAN, John. The rise of the platform economy. Issues Sci. Technol, v. 32, n. 3, p. 61–69, 2016.

LIMA, Jacob Carlos; BRIDI, Maria Aparecida. Trabalho digital e emprego: a reforma trabalhista e o aprofundamento da precariedade. Cad. CRH, Salvador , v. 32, n. 86, p. 325-342, ago. 2019. DOI: https://doi.org/10.9771/ccrh.v32i86.30561

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. O capital: crítica da economia política. v. 1. Trad. Régis Barbosa e Flávio R. Kothe. 3. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988.

MORAES, Rodrigo Bombonati de Souza; OLIVEIRA, Marco Antonio Gonsales de; ACCORSI, André. Uberização do trabalho: a percepção dos motoristas de transporte particular por aplicativo. Revista Brasileira de Estudos Organizacionais, v. 6, n. 3, p. 647- 681, dez./2019. DOI: https://doi.org/10.21583/2447-4851.rbeo.2019.v6n3.216

MORAES, Rodrigo Bombonati de Souza; OLIVEIRA, Marco Antonio Gonsales de; ACCORSI, André. Uberization: advanced stage of flexibilization of work relations. Proceedings 36th International Labour Process Conference, Buenos Aires, 2018.

MORESCHI, Bruno; PEREIRA, Gabriel; COZMAN, Fabio G. The brazilian workers in Amazon Mechanical Turk: dreams and realities of ghost workers. Contracampo – Brazilian Journal of Communication, v. 39, n. 1, 2020. DOI: https://doi.org/10.22409/contracampo.v39i1.38252

NERINCKX, Stefan. The ‘Uberization’ of the labour market: some thoughts from an employment law perspective on the collaborative economy. ERA Forum, v. 17, n. 2, p. 245-265, jun. 2016. DOI: https://doi.org/10.1007/s12027-016-0439-y

OLIVEIRA, Francisco de. Crítica à razão dualista: o ornitorrinco. São Paulo: Boitempo Editorial, 2003.

POCHMANN, Márcio. A nova classe do setor de serviços e a uberização da força de trabalho. Revista do Brasil. São Paulo. 9 jul. 2017.

PSKOWSKI, M., VILELA, R. 'They aren’t anything without us': gig workers are striking throughout Latin America. Motherboard, 2020. Disponível em: https://www.vice.com/en_us/article/jgxazk/they-arent-anything-without-us-gig-workers-are-striking-throughout-latin-america. Acesso em: 15 ago. 2020.

RODGERS, Gerry. Precarious work in Western Europe: the estate of the debate. In: RODGERS, Gerry; RODGERS, Janine (ed.). Precarious work in labour market regulation: the growth of atypical employment in Western Europe. Geneva: ILO, 1989.

SACOMANO, José Benedito et al. (Orgs.). Indústria 4.0: conceitos e fundamentos. São Paulo: Blucher, 2018.

SCHUMPETER, Joseph A. Capitalism, socialism and democracy. London: Routledge, 2006.

SENNETT, Richard. Corrosão do caráter: as consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. 14. ed. Rio de Janeiro: Record, 2009.

SLEE, Tom. Uberização: a nova onda do trabalho precarizado. Tradução João Peres. São Paulo: Editora Elefante, 2017.

SRNICEK, Nick. Platform capitalism. London: Polity, 2017.

UBER. Uber. Disponível em: https://www.uber.com/pt-BR. Acesso em: 12 dez. 2019.

VALLAS, Steven. Work. Combridge: Polity Press, 2012.

VALLAS, Steven; PRENER, Christopher. Dualism, job polarization, and the social construction of precarious. Work and Occupations, v. 39, n. 4, p. 331-353, 2012. DOI: https://doi.org/10.1177/0730888412456027

ZUBOFF, Shoshana. The age of surveillance capitalism: the fight for a human future at the new frontier of power. Nova York: Public Affairs, 2019.

Publicado

2024-01-15

Como Citar

Moraes, R. B. de S. (2024). UBERIZAÇÃO DO TRABALHO: a percepção dos motoristas de transporte por aplicativos na cidade de Goiânia. Gestão & Regionalidade, 39, e20238117. https://doi.org/10.13037/gr.vol39.e20238117