CONHECIMENTOS E OPINIÕES DE ADOLESCENTES SOBRE ABORTAMENTO

Autores

  • José Roberto da Silva Brêtas Universidade Federal de São Paulo.
  • Luiz Fabiano Zanatta Universidade Federal de São Paulo.
  • Silvia Piedade de Moraes Universidade Federal de São Paulo.
  • Maria José Dias de Freitas Universidade Federal de São Paulo.
  • Maila Beatriz Goellner Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul.

DOI:

https://doi.org/10.13037/ras.vol15n53.4654

Palavras-chave:

Abortamento, adolescente, direitos reprodutivos, educação sexual, saúde sexual

Resumo

Introdução: O tema abortamento ainda possibilita múltiplas interpretações e representa interesses diversos para as instituições sociais, entre as quais não existe uma posição consensual sobre a questão, mesmo ela estando pautada como um grave problema de saúde pública. Objetivos: Identificar o conhecimento e a opinião de adolescentes do ensino médio sobre abortamento, observando quais variáveis se alteram conforme o maior grau de escolarização. Método: Trata-se de um estudo descritivo envolvendo 302 adolescentes de ambos os sexos, na faixa etária entre 14 e 20 anos, que cursavam o ensino médio em três escolas estaduais do município de Embu das Artes (SP). Utilizou-se como instrumento de coleta de dados um questionário semiestruturado de múltipla escolha e autoaplicável em sala de aula. Resultados: Os dados obtidos demonstraram que há forte influência de conceitos religiosos e morais na estruturação dos conhecimentos sobre o tema e que tais conceitos têm modulado as opiniões sobre a legislação vigente no país. Em relação aos métodos para a realização de abortamento, observou-se maior percentual de adolescentes que conhecem pequenas cirurgias (50,66%), seguido por aqueles que citam chá de maconha (34,43%) e objetos pontiagudos (27,48%). Em relação às fontes de informação sobre abortamento, detectou-se resultados significativos estatisticamente apenas para revista/jornal (p=0,001) e TV (p=0,003). Sobre a opinião em relação ao tema, 55,63% dos participantes se colocaram contra a realização do abortamento e 82,45% se mostraram favoráveis em casos de gravidez resultante de estupro. Conclusão: A formulação de conhecimentos sobre a temática foi pautada na legalidade, aumentando sua intensidade de acordo com a maior escolarização dos respondentes, enquanto a opinião dos participantes refletiu o ideário social dominante.

 

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Biografia do Autor

José Roberto da Silva Brêtas, Universidade Federal de São Paulo.

Professor Associado da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Pesquisador e líder do Grupo de Estudos sobre Corporalidade e Promoção da Saúde (Gecopros).

Luiz Fabiano Zanatta, Universidade Federal de São Paulo.

Professor da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Doutorando em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Silvia Piedade de Moraes, Universidade Federal de São Paulo.

Professora da Universidade de Guarulhos (UNG). Doutoranda em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

 

Maria José Dias de Freitas, Universidade Federal de São Paulo.

Professora da Universidade Paulista (UNIP). Doutoranda em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Maila Beatriz Goellner, Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul.

Professora da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS).

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Publicado

2017-10-18

Edição

Seção

ARTIGOS ORIGINAIS