A (RE)PRODUÇÃO DOS ESPAÇOS URBANOS BRASILEIROS NOS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: QUE CIDADE É ESSA?

Autores

  • Romulo Gomes , , Professor no Curso de Administração, Faculdade Estácio de Sá Vitória (FESV). Filiado ao Programa de Pós Graduação em Admnistração PPGADM\UFES, Universidade Federal do Espirito Santo (UFES) e Vinculado ao Grupo de Estudos de Práticas e Simbolismo, GESIP/UFES. Autor https://orcid.org/0000-0003-3053-6407 (não autenticado)
  • Sâmela Pedrada Cardoso Filiada ao Programa de Pós Graduação em Administração da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Membra do Grupo de Estudos em Simbolismos e Práticas Cotidianas em Organizações - GESIP/UFES. Autor https://orcid.org/0000-0002-2307-3734 (não autenticado)
  • Fabiana Florio Domingues , , Professora substituta no Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) Campus Cachoeiro. Vinculação: CEPEAD - Centro de Pós-Graduação e Pesquisas em Administração - FACE/UFMG. Autor http://orcid.org/0000-0003-4791-7070 (não autenticado)

DOI:

https://doi.org/10.13037/gr.vol37n111.6539

Palavras-chave:

Estudos organizacionais, Cidades, Revisão Sistemática, Práticas Organizativas, Espaços Urbanos

Resumo

Utilizamos a revisão sistemática de literatura para discutir a (re)produção das cidades nos estudos organizacionais nacionais a partir da produção científica sobre os usos dos espaços urbanos no Brasil. Buscamos estudos que utilizam a compreensão da cidade como uma organização social e espacial, partindo de práticas organizativas que constituem a urbe. Para isso, realizamos uma ampla pesquisa nas publicações da Administração dos últimos 16 anos com as palavras: Cidade(s), Espaço(s) Urbano(s) e Prática (s) Urbana (s). Os resultados indicam que a cidade é (re) produzida nos Estudos Organizacionais de forma heterogênea e múltipla, relacionada às práticas organizativas engendradas com questões identitárias de grupos sociais e comunidades, onde as diferentes formas de sociabilidades manifestadas são centrais para entendimentos situados em apropriações e resistências que os citadinos praticam nos espaços urbanos. Em termos conceituais, os resultados mostram práticas materiais, por isso corporificadas e fornecem pistas para problematizarmos acerca da invisibilidade de corpos nos estudos, que consideramos uma presença ausente. Procuramos trazer reflexões acerca da democratização do espaço urbano público ou privado, já que a cidade brasileira expõe práticas de desigualdade, segregação social, preconceito, racismo, resistência, diversidade e amizade, e ainda sim, segue sem considerar a materialidade de corpos como elemento relevante como visto nos trabalhos pesquisados.

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Biografia do Autor

  • Romulo Gomes, , , Professor no Curso de Administração, Faculdade Estácio de Sá Vitória (FESV). Filiado ao Programa de Pós Graduação em Admnistração PPGADM\UFES, Universidade Federal do Espirito Santo (UFES) e Vinculado ao Grupo de Estudos de Práticas e Simbolismo, GESIP/UFES.

    Doutorando em Administração do Programa de Pós Graduação PPGADM/UFES e Pesquisador do Grupos de Estudos de Práticas e Simbolismos (GESIP).  Mestre em Administração, Fucape Business School (FUCAPE).   

  • Sâmela Pedrada Cardoso, Filiada ao Programa de Pós Graduação em Administração da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Membra do Grupo de Estudos em Simbolismos e Práticas Cotidianas em Organizações - GESIP/UFES.

    Mestranda em Administração, UFES, Brasil. Especialista em Engenharia de Produção, UCAM.

  • Fabiana Florio Domingues, , , Professora substituta no Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) Campus Cachoeiro. Vinculação: CEPEAD - Centro de Pós-Graduação e Pesquisas em Administração - FACE/UFMG.

    Doutoranda em Administração, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. Mestre em Administração, Universidade Federal do Espírito Santo, UFES.

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Publicado

2021-05-13

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

A (RE)PRODUÇÃO DOS ESPAÇOS URBANOS BRASILEIROS NOS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: QUE CIDADE É ESSA?. (2021). Gestão & Regionalidade, 37(111). https://doi.org/10.13037/gr.vol37n111.6539